sexta-feira, 1 de agosto de 2008

As olimpíadas e a China


2008 tem sido marcado por uma febre cultural a respeito das olimpíadas de Pequim (Beijing). A promessa de grandiosidade dos jogos de 2008 na capital chinesa têm atraídos olhares do mundo todo para a China. Mas há mais por trás das olimpíadas do que o que é mostrado na tela da televisão.
A China é um país de cultura milenar, terra natal de alguns dos maiores tesouros culturais da terra. Sua cultura e sua história têm fascinado a humanidade há séculos. Entretanto, a história chinesa não é tão feliz. Desde o século XIX, o país foi vítima de invasões estrangeiras, ocupações e humilhações internacionais. Em 1949, na tentativa de mudar esse quadro, Mao-Tsé Tung liderou uma revolução comunista na China. Com o intuito de acabar com a miséria do povo chinês e de tornar o país uma grande potência, o Partido Comunista Chinês empreendeu políticas nada ortodoxas na condução dos rumos nacionais.
Hoje a China é admirada (às vezes até demasiadamente) pelo mundo todo. Seu incrível crescimento econômico e seu progresso têm sido motivo de atenção de todos, principalmente dos ocidentais. Mas todo progresso tem um preço. Enquanto economistas comemoram o crescimento meteórico chinês, esquecem-se das bases de sustentação desse progresso. A esmagadora maioria dos chineses enfrentam jornadas de trabalho de 14 a 16 horas, sem direito à férias e a fins de semana, e em troca ganham um mísero salário médio de 30 dólares. Na China, não existem sindicatos ou associações trabalhistas, a não ser aquelas permitidas (e controladas) pelo Partido Comunista. A China é o país que tem o maior aumento de emissões de gases estufa, e é também o segundo maior emissor, atrás apenas dos Estados Unidos. Na China não existem democracia, liberdade de imprensa, liberdade de expressão ou liberdade política. Ou se segue o rumo da revolução, ou se segue o rumo da bala. Essa á a política chinesa.
Os jogos olímpicos de 2008 têm sido usados para “propagandear” a "nova China" criada pelo partido comunista. Trata-se de um país de grandes (ou melhor, imensas) proporções, de progresso inalcançável, de total desrespeito ao meio ambiente e de censuras inimagináveis. Como tudo o que se passa na China, as olimpíadas t~em sua cobertura feita da maneira determinada pelo Partido Comunista. Até a internet é censurada por lá! No primeiro semestre de 2008, durante os eventos da passagem da tocha olímpica pelo mundo, vários protestos contra a tirania chinesa no Tibet têm sido realizados e reprimidos no mundo todo (mesmo nos países que se dizem democráticos). Trata-se do cúmulo da hipocrisia internacional! Em 2007, a opinião pública mundial condenou o regime militar de Myanmar (antiga Birmânia) por reprimir de forma violenta protestos pacíficos de monges budistas. Em 2008, o mesmo acontece no Tibet governado pelo punho de ferro do Partido Comunista Chinês e, entretanto, a opinião pública internacional se calou (com certeza ocupada demais com as festividades olímpicas).
Então, fica a pergunta: o progresso chinês vale a pena? Vale a pena trocar a liberdade natural, que nos é de direito, por maravilhas efêmeras de um mundo globalizado? Vale a pena destruir o meio ambiente para sustentar o progresso material? Vale a pena sacrificar a cultura milenar dos antepassados por produtos capitalistas da moda? Vale a pena sustentar um crescimento magnífico com 30 mil execuções por ano além de torturas e repressões iguais às sofridas no passado? Mesmo a China sendo uma terra distante, diferente em muitos aspectos de nossa cultura e visão de mundo, algumas coisas ainda são inerentes a todo e qualquer ser humano, independente de cultura ou nacionalidade: liberdade, honra, respeito.
Então, os fins justificam os meios?

Um comentário:

Tamirez Paim disse...

Olá! Gostei muito do novo visual do blog, ficou ótimo! O texto novo também ,muito rico em palavras e conteúdo! Parabéns! Serei leitora assídua! BEijos !