Meses se passarão, inquéritos foram abertos e o caso ganhou audiência nacional. Entretanto, o grande responsável por tudo isso continua impune, exercendo suas atividades como se nada estivesse acontecendo. Desde o início das aulas na UnB, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), organização de representação formal dos estudantes universitários, e outros grupos estudantis vêem articulando os estudantes em torno da campanha "Fora Timothy", cujo objetivo é retirar o reitor e o vice-reitor dos seus respectivos cargos para dar andamento às investigações do Ministério Público.
No dia 03 de abril a situação atingiu o seu clímax. Após uma assembleia, cerca de 150 estudantes invadiram a reitoria da UnB, ocupando o gabinete do reitor e exigindo sua renúncia. Em uma clara demonstração de intolerância e autoritarismo, o reitor ordenou o bloqueio da rampa de acesso ao gabinete e a suspensão da água e luz do prédio, numa tentativa de coagir os estudantes a saírem do prédio. Desde a invasão três parlamentares do DF têm agido como intermediadores nas negociações entre estudantes e autoridades: deputado distrital Reguffe (PDT), deputado federal Augusto Carvalho (PPS) e senador Cristovam Buarque (PDT). Já houve algum progresso nas negociações (este texto foi escrito na noite do dia 06 de abril), a água e a luz já retornaram ao prédio e pequenas comissões de negociação foram criadas entre as duas partes.
Porém, assim como o caso do atentado contra estudantes africanos na Casa do Estudante no primeiro semestre de 2007, o reitor Timothy Mulholland mostra sua indiferença, arrogância e autoritarísmo diante dos estudantes. Em declaração feita por ele próprio no início da ocupação, o reitor declarou "só presto contas ao TCU". Apesar dos avanços nas negociações, o bloqueio ao acesso ao gabinete permanece, infringindo o direito natural de ir e vir dos estudantes (é interessante observar que, ao lado da rampa bloqueada, está ,em um mural prateado, a Declaração Universal dos Direitos Humanos). Devido ao bloqueio, os estudantes que permanecem ocupando o gabinete do reitor são alimentados e mantidos por meio de um "elevador" improvisado, que nada mais é que uma sacola amarrada a um cabo de aço.
A situação é crítica, e mostra o estado deplorável em que se chegou o ensino brasileiro. Qualquer pessoa que já passou pelas principais instalações da UnB conhece o estado físico degradante da universidade. Os vários projetos de reformas e melhorias da UnB são barrados na reitoria, pois o reitor afirma que "não há verbas". Como não há verbas ?!? Enquanto laboratórios estão quase fechando devido à falta de equipamentos e professores reclamam das péssimas condições de trabalho o atual reitor esbanja o dinheiro da pesquisa com gastos pessoais. Ele, reitor, culpado das acusações de mal uso dos recursos públicos e de falhar no cumprimento do seu dever (que é zelar pelo bem estar da universidade e de seus empregados e estudantes) é que deveria estar sendo confrontado pela polícia e pela justiça. A justiça emitiu um comunicado anunciando uma multa a ser paga pelo DCE em 5 mil reais a hora de ocupação. Isso não é absurdo. O reitor faz mal uso dos recursos e quem paga multa são estudantes? E depois os estudantes são subversivos...
Tudo o que foi escrito anteriormente é apenas para explicar a triste situação da UnB e os verdadeiros motivos da ocupação estudantil. Visto que alguns canais de televisão e jornais têm passado informações manipuladas, alegando baderna e mal comportamento por partes dos estudantes, é necessário explicar, perante toda a sociedade brasileira o que o movimento estudantil está realmente fazendo e quais são seus reais objetivos.
Por último gostaria de mandar um recado ao Sr. Timothy Mulholland:
Nós, estudantes, estamos prestando nossas contas com a sociedade. E você?
Para que não aleguem que este texto é maniqueísta por expressar apenas a visão de um estudante, estou colocando aqui um link de uma entrevista do professor Michelangelo Trigueiro, do Departamento de Sociologia da UnB: http://www.painelbrasiltv.com.br/novo/E
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