terça-feira, 5 de agosto de 2008

As olimpíadas e a China II


"Tudo que você faz um dia volta para você"
Esta sábia frase denota o verdadeiro significado de muito do que acontece no mundo hoje, como o último ataque terrorista na cidade de Kashgar, na China, em que dois jovens mataram 16 policiais. O ataque foi atribuído a um grupo separatista islâmico (que como qualquer um que se dispõe a pegar em armas por uma causa, é chamado de "terrorista").
O governo chinês acusa seus adversários políticos de "politizarem" as olimpíadas de Pequim, o que é natural quando a mídia internacional foca suas atenções em eventos tão aclamados como os jogos olímpicos. Sempre os eventos esportivos globais foram utilizados para a realização de protestos (pacíficos ou não) pelos mais diferentes grupos. O caso da China é especial.
Por que grupos de pessoas seguidoras de uma causa constantemente usam da violência para alcançar seus objetivos? Por uma simples razão: reciprocidade. Ninguém faz esse tipo de coisa aleatoriamente. Sempre existe um passado por trás de cada ato violento. No caso dos atentados na China, a violência usada contra o governo é, na verdade, a reação da própria violência das autoridades chinesas contra minorias étnicas e religiosas de partes distantes da China.
A China é o terceiro maior país do mundo, e abriga mais de 1,3 bilhões de pessoas de vários povos e etnias, formando um enorme mosaico cultural humano. Um país como esse deveria ser governado com base na pluralidade e no diálogo entre os compatriotas. Entretanto, a China é governada pelo punho de ferro autocrático do Partido Comunista, que desde a Revolução de 1949, vêm oprimindo de diversas maneiras as várias minorias existentes no país.
Obcecados pelo controle total da população chinesa, o Partido Comunista não mede esforços ao reprimir qualquer um que se levante contra sua doutrina. É isso que acontece com os budistas no Tibet, com os muçulmanos no Xinjiang e com qualquer outro que se recuse a aceitar os rumos determinados pelo governo chinês. As minorias destas províncias exigem apenas o que é direito de todo ser humano: o respeito aos seus valores culturais e à sua honra. Em vez de lidar com esta situação de maneira cordial e civilizada, o governo chinês usa seu implacável punho de ferro contra os chamados "dissidentes". Quando manifestações pacíficas e diálogos falham nessas situações, só existe um caminho: o da força.
Não é de se impressionar que a China seja "vítima" de movimentos separatistas e atentados. Em um país em que não se respeitam os direitos básicos dos seres humanos e onde a vontade geral do povo é completamente ignorada, somente o uso de balas e explosivos pode atrair a atenção do governo. Os chamados "terroristas" não fazem nada além de negociar com o Partido Comunista em sua própria língua.
Neste caso, o futuro não é nem um pouco nebuloso. Enquanto a honra e a cultura dos diversos povos da China não forem respeitados e estes povos forem tratados com ignorância, mais sangue será derramado e mais violência será gerada.
E ainda se dizem uma "República Popular"...

Um comentário:

Tamirez Paim disse...

Gostei muito desse texto , Gustavo! A China é muito imparcial com todo esse mosaico humano e cultural que compõem o território chinês, como colocastes. O Tibete , durante a Revolução Cultural, como na sua invasão, foram, posso dizer pela minha opinião ao estudar o assunto, muito cruéis. Grandes abraços do Sul do Brasil! BEijos!!!!!!