quarta-feira, 6 de agosto de 2008

As olimpíadas e a China III



Tradução livre da matéria publicada por Chris Chase em 06 de agosto de 2008. Original em inglês disponível em: http://sports.yahoo.com/olympics/beijing/blog/fourth_place_medal/post/Chi?urn=oly,98718

China revoga visto de medalista de ouro, ativista de Darfur Cheek

O medalista de ouro olímpico e franco ativista de Darfur Joey Cheek teve seu visto revogado pela embaixada chinesa, horas antes do campeão de “speedskating” pegar seu vôo para a China. E ele não tinha planos de usar uma máscara quando chegasse lá.

As autoridades chinesas não precisam de uma razão para revogar o visto de alguém, mas, em sua visão, eles tinham várias razões para revogar o de Cheek. Ele é o fundador da Equipe Darfur, um grupo de setenta atletas cujo objetivo é chamar a atenção mundial para as violações dos direitos humanos em Darfur, região do Sudão. As relações militares, econômicas e diplomáticas da China com o Sudão foram bem publicadas nos antecedentes aos Jogos.

Disse Cheek sobre seu banimento em um discurso preparado:

“Estou triste por não poder participar dos Jogos. Os Jogos Olímpicos representam algo poderoso: que pessoas do mundo todo podem se unir e realizar coisas que ninguém achava possível. Contudo, a negação do meu visto é um esforço sistêmico pelo governo chinês de coagir e ameaçar atletas que estão falando em nome do povo inocente de Darfur.”

Cheek estava indo á China para apoiar os atletas da Equipe Darfur, incluindo a jogadora de futebol Abby Wambach, e promover a causa, um que ele tem defendido por anos. Após ganhar o ouro nos Jogos de Torino, Cheek anunciou uma doação de 25 mil dólares do bônus do Comitê Olímpico dos Estados Unidos (United States Olympic Committe, USOC) à Darfur, e implorou a seus patrocinadores que fizessem o mesmo. Parece que Joey Cheek é realmente um dos mocinhos.

E agora ele está fora da China antes mesmo de chegar lá. Com os Jogos se aproximando (apenas dois dias agora), o mundo parece pronto para esquecer tudo sobre os assuntos chineses para se concentrar nos Jogos em si. Infelizmente, as ações da China tornam isso impossível. Em uma hora em que deveríamos estar pensando em quem vai acender o caldeirão olímpico, se Michael Phelps pode quebrar o recorde de todos os tempos e como Liu Xiang vai reagir à pressão de 1,3 bilhões de compatriotas vigiando cada passo seu, estamos, entretanto, discutindo a relutância do governo chinês em permitir qualquer dissidência em seu país, apesar das repetidas promessas de que eles jogariam limpo quando as olimpíadas chegassem á cidade.

Um comentário:

Tamirez Paim disse...

Gustavo, muito bom trazer essa reportagem ao blog. Sinceramente, as Olimpíadas perderam seu foque e seu prestígio, como antes. Não me sinto motivada a ver uma partida ou a assistir outra coisa, não sei se pela falta de tempo disponível em frente à televisão, ou se por desgostar do local da sede. A China está desviando as atenções esportistas para questões políticas de ordem internacional. Abraços!!!!!!!!