domingo, 6 de abril de 2008

Ocupação estudantil da reitoria da UnB

O ano de 2008 começou mal para a Universidade de Brasília (UnB), uma das melhores do país. No inicio deste ano, antes de começar o semestre letivo, um escândalo de corrupção, envolvendo o reitor Timothy Mulholland abalou a imagem de toda a universidade. Uma investigação descobriu um explícito desvio de dinheiro da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), dinheiro que deveria ser usado em pesquisa científica sendo usado na decoração do apartamento funcional do reitor, com direito a gastos extravagantes de um total de quase meio milhão de reais, incluindo lixeiras de mil reais.
Meses se passarão, inquéritos foram abertos e o caso ganhou audiência nacional. Entretanto, o grande responsável por tudo isso continua impune, exercendo suas atividades como se nada estivesse acontecendo. Desde o início das aulas na UnB, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), organização de representação formal dos estudantes universitários, e outros grupos estudantis vêem articulando os estudantes em torno da campanha "Fora Timothy", cujo objetivo é retirar o reitor e o vice-reitor dos seus respectivos cargos para dar andamento às investigações do Ministério Público.
No dia 03 de abril a situação atingiu o seu clímax. Após uma assembleia, cerca de 150 estudantes invadiram a reitoria da UnB, ocupando o gabinete do reitor e exigindo sua renúncia. Em uma clara demonstração de intolerância e autoritarismo, o reitor ordenou o bloqueio da rampa de acesso ao gabinete e a suspensão da água e luz do prédio, numa tentativa de coagir os estudantes a saírem do prédio. Desde a invasão três parlamentares do DF têm agido como intermediadores nas negociações entre estudantes e autoridades: deputado distrital Reguffe (PDT), deputado federal Augusto Carvalho (PPS) e senador Cristovam Buarque (PDT). Já houve algum progresso nas negociações (este texto foi escrito na noite do dia 06 de abril), a água e a luz já retornaram ao prédio e pequenas comissões de negociação foram criadas entre as duas partes.
Porém, assim como o caso do atentado contra estudantes africanos na Casa do Estudante no primeiro semestre de 2007, o reitor Timothy Mulholland mostra sua indiferença, arrogância e autoritarísmo diante dos estudantes. Em declaração feita por ele próprio no início da ocupação, o reitor declarou "só presto contas ao TCU". Apesar dos avanços nas negociações, o bloqueio ao acesso ao gabinete permanece, infringindo o direito natural de ir e vir dos estudantes (é interessante observar que, ao lado da rampa bloqueada, está ,em um mural prateado, a Declaração Universal dos Direitos Humanos). Devido ao bloqueio, os estudantes que permanecem ocupando o gabinete do reitor são alimentados e mantidos por meio de um "elevador" improvisado, que nada mais é que uma sacola amarrada a um cabo de aço.
A situação é crítica, e mostra o estado deplorável em que se chegou o ensino brasileiro. Qualquer pessoa que já passou pelas principais instalações da UnB conhece o estado físico degradante da universidade. Os vários projetos de reformas e melhorias da UnB são barrados na reitoria, pois o reitor afirma que "não há verbas". Como não há verbas ?!? Enquanto laboratórios estão quase fechando devido à falta de equipamentos e professores reclamam das péssimas condições de trabalho o atual reitor esbanja o dinheiro da pesquisa com gastos pessoais. Ele, reitor, culpado das acusações de mal uso dos recursos públicos e de falhar no cumprimento do seu dever (que é zelar pelo bem estar da universidade e de seus empregados e estudantes) é que deveria estar sendo confrontado pela polícia e pela justiça. A justiça emitiu um comunicado anunciando uma multa a ser paga pelo DCE em 5 mil reais a hora de ocupação. Isso não é absurdo. O reitor faz mal uso dos recursos e quem paga multa são estudantes? E depois os estudantes são subversivos...
Tudo o que foi escrito anteriormente é apenas para explicar a triste situação da UnB e os verdadeiros motivos da ocupação estudantil. Visto que alguns canais de televisão e jornais têm passado informações manipuladas, alegando baderna e mal comportamento por partes dos estudantes, é necessário explicar, perante toda a sociedade brasileira o que o movimento estudantil está realmente fazendo e quais são seus reais objetivos.
Por último gostaria de mandar um recado ao Sr. Timothy Mulholland:
Nós, estudantes, estamos prestando nossas contas com a sociedade. E você?

Para que não aleguem que este texto é maniqueísta por expressar apenas a visão de um estudante, estou colocando aqui um link de uma entrevista do professor Michelangelo Trigueiro, do Departamento de Sociologia da UnB: http://www.painelbrasiltv.com.br/novo/Entrevistas/index.asp?Programa=2&Entrevista=598&TipoVideo=2

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Perspectivas para 2008 (e além)

Toda época é marcada por um ou um conjunto de acontecimentos. Guerras, epidemias, revoluções e afins são considerados eventos marcantes e determinantes de vários períodos distintos ao longo da história. Em 1º de Janeiro de 2008 começou o penúltimo ano desta década, que até agora se mostrou uma "Era dos Extremos" muito mais radical que o "breve século XX" descrito pelo historiador Eric Hobsbawm com sua bipolaridade mundial e o perigo de uma guerra nuclear total. Os anos 2000 foram marcados por eventos rápidos, impactantes e de alcance global, como as crises econômicas e políticas, a Guerra Contra o Terror e o aquecimento global. Sem dúvida alguma, este último será o mais marcante dos males da primeira década do século XXI.
Não é de hoje que a crise ambiental é considerada um problema grave. Desde o fim da Guerra Fria em finais de 1991, percebe-se uma crescente preocupação com o meio ambiente e seus problemas. Desde a década passada, grandes eventos tiveram como motivação a crise ambiental, que já teve diferentes faces como o buraco da camada de ozônio e o aquecimento global. Da ECO 92 realizada no Rio de Janeiro até o conturbado Protocolo de Kyoto em 97, governos, estadistas e ambientalistas vêem discutindo acerca do grande problema da degradação do planeta Terra.
A virada do milênio trouxe uma visão cada vez mais ampliada e crítica dessa crise. Pode-se dizer que, nos anos 90, o objetivo era determinar as causas dos problemas ambientais. Na década atual, o objetivo passa a ser o de combater a crise ambiental. Mas porque o problema da degradação ambiental é tão importante? O que a crise ambiental tem em comum com guerras, epidemias e revoluções?
Pode parecer um exagero, mas não é. Assim como os eventos marcantes do passado, a crise do meio ambiente é uma ameaça à sobrevivência humana. Na verdade, a crise ambiental é um problema ainda maior, pois não ameaça à vida de uma comunidade, país ou continente, mas de toda a espécie humana, ou melhor, de toda a vida na Terra. Entre alarmismos e ceticismos nascidos pelos mais variados motivos uma coisa é fato, nunca na história humana o meio ambiente global foi tão degradado como nos últimos trezentos anos e nunca as mudanças climáticas foram tão bruscas e desastrosas. E nós somos a causa disso tudo.
Isso mesmo. O desastre ambiental que aí está é culpa de cada ser humano deste planeta e afeta a todos nós. Não adianta jogar a culpa em governos, empresas, vacas, árvores ou que for. O estrago já foi feito. Resta apenas consertá-lo, ou encarar as conseqüencias.
Para resolver essa crise, é necessária a participação de cada um, seja como cidadão, como empresário, ambientalista ou governante. É necessária a participação de todos. Todos os aspectos da vida humana são afetados pela degradação ambiental e todos eles podem contribuir à sua maneira para uma melhora. O problema ambiental é preocupação de todos os campos do saber acadêmico e todos podem procurar soluções para melhorá-lo dentro se suas possibilidades.
Se você não tem planos para um ano novo há uma sugestão, faça a sua parte. Plante árvores, ande de bicicleta, para de comer carne, pesquise novas tecnologias, recicle seu lixo, economize água, mude seus hábitos, economize energia, limpe a sua rua, qualquer coisa que você puder fazer, por menos que seja, é uma contribuição para a melhora do meio ambiente. Não se trata de mudar drasticamente o seu modo de vida, mas de tomar pequenas atitudes que trarão benefício a você e a muitos outros. Pense nas gerações futuras e no mundo que elas herdarão e coloque-se no lugar delas, você gostaria de receber esse mundo? Se existe uma coisa mais marcante do que uma grande crise, são as ações daqueles que tentam combatê-la.
"Se não puder fazer tudo, faça tudo o que puder."
"Tudo que temos que decidir é o que fazer com tempo que nos é dado."

terça-feira, 31 de julho de 2007

O desatre do vôo 3054 e o caos aéreo no Brasil

No dia 17 de julho de 2007, o vôo 3054 da Tam que ia de Porto Alegre à São Paulo com 186 pessoas a bordo perdeu o controle na pista do aeroporto de Congonhas e bateu no depósito da companhia aérea, provocando um incêndio e matando todos os passageiros e tripulantes a abordo, além de outras pessoas próximas ao local do acidente.
Esta foi a notícia divulgada pela mídia nos dias seguintes ao acidente. Seria uma noticia de um simples, ainda assim trágico, acidente aéreo. No entanto, o que aconteceu em Congonhas não foi um acidente, foi uma tragédia anunciada. Desde o terrível acidente do vôo 1907 em setembro do ano passado o país vive à sombra de uma crise no sistema de aviação civil. O que antes era um prazer, tornou-se um transtorno para os brasileiros, que são obrigados a tolerar atrasos sucessivos, cancelamentos de vôos, filas enormes e estresse. Mesmo assim, diante de toda a raiva e insatisfação manifestadas por passageiros cansados de tanto descaso, o Estado simplesmente dá desculpas e mentiras para o povo, fugindo de sua obrigação de zelar pela segurança e bem estar de todos que viajam de avião, e não apenas daqueles que se dizem "autoridades".
O total descaso do poder público com a crise do sistema de aviação civil brasileiro está presente nas próprias falas daqueles (que deveriam ser) responsáveis pelo setor de aviação civil. "Resolver a crise aérea é prioridade zero do governo" disse o presidente Luís Inácio Lula da Silva em 28/03/07. A ministra do turismo, Marta Suplicy deu como conselho aos que viajam de avião "relaxa e goza" em pronunciamento no dia 13/06/07. No dia 21/06/07, o ministro da fazenda, Guido Mantega, disse que não há caos aéreo e que a crise nos aeroportos é fruto da prosperidade, do crescimento de país. "O fluxo e a segurança do tráfego aéreo serão mantidos a qualquer custo" disse o ex-ministro da defesa, Waldir Pires, em 22/06/07.
Todas as falas das citadas acima são de datas anteriores ao acidente, e, mesmo assim, ele aconteceu. O poder público está fazendo algo, e é chamar o povo brasileiro de otário! O desastre do vôo 3054 não foi simples acidente aéreo, foi uma catástrofe resultado do caos que se instalou no sistema de aviação civil do país e de um governo que nada faz a respeito a não ser esquivar-se com desculpas e culpando outros. Em 16 de julho, um avião da Pantanal deslizou na pista de Congonhas durante o pouso. O presidente do sindicato do pilotos disse que o deslizamento do avião ocorreu devido à aquaplanagem, que poderia ser evitada com a presença de ranhuras na pista do aeroporto. O presidente da Infraero afirmou que não foi aquaplanagem que a ausência das ranhuras na pista não comprometia a capacidade operacional do aeroproto.
Fica laro depois do fato exposto que a tragédia do vôo 3054 poderia ter sido evitada. A atitude sensata das autoridades seria fechar o aeroporto de Congonhas depois do ocorrido no dia 16 de julho. No entanto, tal ação poderia ser ruim para imagem de alguns e foram necessárias quase duzentas mortes para que o mesmo aeroporto fosse fechado. Depois de tal tragédia, a única coisa sensata a se fazer é apurar a causa do acidente e punir os responsáveis, nem que o próprio Estado brasileiro seja um deles, e não simplesmente por a culpa no fabricante, na companhia ou no finado piloto da aeronave.
Meu objetivo com este texto é expor minha profunda insatisfação com o governo pela maneira com este tem tratado o caso do pior acidente da história da aviação brasileira.
Meus pêsames às famílias de todas as vítimas e meus parabéns aos bombeiros que se esforçam para encontrar os corpos das vítimas no local do acidente.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Segurança no Brasil e no Mundo

Atualmente um dos maiores problemas no Brasil e no mundo todo é a segurança. Basta ligar a televisão no horário do noticiário para perceber o quanto esse assunto é discutido. Tiroteios no Rio, atentados em Bagdá, Guerra Civil na África e outros casos são apenas exemplos do caos que se tornou a (in)segurança em todo o planeta. Para se entender o porquê de toda a violência que se instalou nos diversos cantos do globo é necessário entender suas causas. Ao contrário da violência, que é facilmente perceptível, suas causas são difíceis de se ver, quase imperceptíveis. A fim de tornar mais fácil a análise do problema, pode-se separá-lo em duas partes: Brasil e mundo.
No Brasil, a violência é causada, principalmente, pela exclusão social.Nas grande cidades Brasileiras a violência surge da guerra entre narcotraficantes e policiais militares.Na verdade, o narcotráfico é conseqüência terrível da desigüalde social brasileira. Na distribuição espacial das grandes cidades, os escravos libertos não tiveram oportunidades de plena integração na sociedade, sendo segregados a moradias rudes nas periferias onde a inexistência do Estado criou lacunas na construção das comunidades ali presentes. Em qualquer comunidade, a ausência de Estado para suprir as necessidades da população abre espaço para que outros grupos ocupem seu lugar, sejam grupos religiosos, organizações filantrópicas ou o tráfico de drogas. A precariedade do sistema educacional faz as crianças passarem a maior parte do tempo na rua, onde são mais suscetíveis à influência dos traficantes. Num lugar de pobreza, onde as perspectivas de vida não são boas, o mundo do narcotráfico torne-se um vislumbre para os meninos e meninas das favelas, que acabam por fazer parte da rede do tráfico visando melhorar de vida.Portanto, para solucionar o problema de melhor maneira possível, são necessárias medidas de curto, médio e longo prazo. A polícia atua somente no fim do processo, na tentativa de conter o tráfico. No entanto o policiamento sozinho não é capaz de resolver o problema, são necessários investimentos nos setores básicos de sáude e educação nas favelas, construção de escolas e hospitais, reformas no sistema educacional que mantenha a criança e o adolescente na escola, afastando-os da influência do tráfico e proporcionando-lhes oportunidades para melhorar a qualidade de vida. No entanto, tal projeto necessita de grandes investimentos a longo prazo cujos frutos só aprecem depois de 30, 40 anos. Nesse meio tempo, são necessárias medidas emergenciais de caráter temporário. Todavia, nada disso é feito. O Estado brasileiro simplesmente se ocupa de organizar forças de segurança nacional para invadir as favelas, causando mais conflitos, mortes e sofrimentos. Tal metodologia é extremamente falha pois por melhor que seja a polícia, ela somente interfere no final do processo de formação do cenário de violência. Ao invés de gastar impostos com maquinas de guerra, o Estado brasileiro deveria gastá-los com investimentos na saúde educação, impedindo o tráfico de se abastecer de jovens carentes.
No mundo a questão da segurança está ligada a sérios fatores. O mais importante deles é a definição do que é mais importante para a segurança mundial, definição geralmente dada pelos Estados Unidos. Hoje, o terrorismo é considerado a maior ameaça á segurança global. Na verdade, o terrorismo é o menor dos males. Trata-se apenas de um mecanismo de defesa dos interesses norte-americanos. Toda potência dominante tem um inimigo, na Segunda Guerra era o nazismo alemão, na Guerra Fria era o socialismo soviético, hoje é o terrorismo. Hoje, o verdadeiro perigo à segurança global é o aquecimento global. Em vista das mudanças climáticas ocorridas devido ao aumento da temperatura da Terra, muitos ambientes podem tornar-se hostis à vida humana. As previsões mais otimistas afirmam que em 100 anos haverá conflitos mundiais pela água. Trata-se de uma ameaça não só a integridade de um país, mas à sobrevivência de toda a raça humana. Ao invés de financiar pesquisas de novas armas e instrumentos de guerra, os países ricos deveriam se preocupar em como reverter os efeitos do aquecimento global. Enquanto o governo norte-americano recusar-se a assinar acordos de redução de emissão de gases estufa e preocupar-se excessivamente com terroristas que ele próprio treinou no passado para poder continuar explorando o petróleo do mundo, o verdadeiro perigo à nossa segurança continuara crescendo e se tornando uma ameaça cada vez mais real.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Abertura do Espaço Livre

Bom dia!
Para os que me conhecem e os que não eu sou Luiz Gustavo (mais conhecido como Guga) e há algum tempo escrevo textos sobre assuntos da atualidade e envio-os por e-mail aos meus contatos. Para facilitar a comunicação e publicação dos textos criei este blog, o Espaço Livre, que visa expor pontos de vista sobre os mais diversos assuntos da atualidade. Meus textos anteriores eram sobre discurssos de políticos, o acidente da gol e a execução de Saddan Hussein. Desde Janeiro passado não escrevo mas agora com a abertura do blog procurarei sempre postar um texto sobre algo com a maior freqüência possível.
Os textos são de caráter meramente argumentativo, trata-se da apresentação de uma opinião sobre algo e qualquer tipo de crítica será bem vinda e qualquer opinião será respeitada. Portanto sinta-se à vontade para opinar, criticar, debater e exercer o seu direito mais importante, o direito à liberdade.