sexta-feira, 11 de março de 2011

Japão e Brasil: Terremotos, tsunamis e chuvas de verão



Nas primeiras horas da manhã de hoje (no horário oficial de Brasília), um forte terremoto de 8,9 graus na escala Richter, seguido por um tsunami com ondas de até 10m de altura atingiu o Japão, deixando centenas de mortos (até agora), milhões de desabrigados e várias partes do país sem energia elétrica. Trata-se de uma das maiores catástrofes naturais a atingir o país nos últimos anos, consequentemente causando grandes danos e prejuízos à economia e ao povo japonês. Do outro lado do mundo, chuvas fortes assolam a cidade de São Lourenço do Sul, na região sul do Rio Grande do Sul, deixando oito mortos e derrubando uma ponte na BR-116 que liga a região à capital do estado, Porto Alegre. Chuvas do mesmo tipo têm atingido também Santa Catarina e outros três estados brasileiros, além do desastre que atingiu a região serrana do estado do Rio de Janeiro no início do ano.

Embora ambos os países tenham sofrido de desastres naturais, males cada vez mais frequentes e destrutivos, não há dúvidas de que o dano e o sofrimento impostos ao Japão são muito maiores que aqueles sofridos pelo Brasil. Entretanto, há outro fato, muito mais curioso, a ser observado nesta comparação. Não é necessário extenso estudo para se imaginar que o Japão se recuperará muito mais rápido (e melhor) de sua destruição que o Brasil de sua própria. Embora a comunidade internacional esteja comovida e ávida a ajudar o povo japonês, tenho quase certeza que os japoneses reconstruirão seu país muito antes de nós, brasileiros, reconstruirmos a região serrana do Rio. A que se deve este abismo?

Diferentemente do que se pense talvez, não se trata de uma questão de riqueza e/ou pobreza, visto que tanto Japão quanto Brasil se encontram entre as dez maiores economias do mundo. O que separa nós, brasileiros, dos japoneses é muito mais que aparência física, língua e território. Talvez a maior de todas as diferenças entre nossos dois povos seja um fator considerado muito mais subjetivo e difícil de avaliar: a moral nacional!

Nosso país é conhecido como país do carnaval, do samba e do futebol. Já a Terra do Sol Nascente é conhecida como a terra dos samurais, considerados os guerreiros mais sofisticados e eficazes da história humana. Os japoneses são conhecidos  pelo seu alto senso de honra, a qual eles valorizam acima da própria vida. Nós, por darmos um jeitinho" em tudo e por nossa "esperteza" e malandragem. Talvez seja isso que explique como um país minúsculo, no qual há pouquíssimos recursos naturais (mal há terra para agricultura) e atingido constantemente pelas mais duras catástrofes naturais seja uma das nações mais poderosas e respeitadas no mundo enquanto nós, que detemos o quinto maior território do globo e temos recursos e mão-de-obra à vontade, sejamos, no máximo, uma potência média, um "aspirante" a ator global.

Dizem que os seres humanos são moldados por suas circunstâncias, que aqueles que enfrentam duras condições de vida tornam-se rígidos e determinados enquanto que aqueles que desfrutam da bonança tornam-se complacentes e indolentes. Aparentemente esta é uma explicação razoável para explicar a diferença (absurda) entre nós e nossos colegas japoneses. Basta observar a maneira como ambos os povos encaram as mesmas situações. No Japão, políticos acusados (não estou nem falando dos culpados) de corrupção cometem suicídio para manter a honra e o nome da família. Já em nosso país, como sabemos bem, o sujeito em questão no máximo renuncia a seu mandato apenas para voltar triufante na eleição seguinte com o voto do povo. Resta alguma dúvida?

Em suma, é isto que nos diferencia do povo japonês: nossa moral. Enquanto eles figuram entre as três maiores economias do globo já a quase 30 anos, muitas vezes rivalizando com os EUA, mesmo após terem sido completamente destruídos na Segunda Guerra Mundial, nós até anos atrás éramos vistos como país subdesenvolvido, pobre e atrasado. Se quisermos ser um país importante e próspero neste mundo, devemos seguir o exemplo do Japão, cujo povo é conhecido por sua determinação, coragem, honra e persistência, e não pela malandragem e pela arte de tirar vantagem dos outros e se aproveitar das brechas na lei.

Luiz Gustavo Aversa Franco
Brasília, DF - 11 de março de 2011

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