terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O holocausto da Faixa de Gaza



Apesar dos desejos de paz sempre presentes nas comemorações de ano novo, o ano de 2009 começa de uma maneira totalmente oposta. Todos os dias, noticiários, jornais e revistas mostram passo a passo o andamento da covarde ofensiva militar israelense sobre os territórios da Faixa de Gaza. O que se vê não é a história de uma guerra, mas sim de um massacre, um verdadeiro holocausto.

De um lado, as forças armadas de Israel, as mais bem treinadas do mundo, usam todos os seus esforços, que vão desde pelotões de infantaria até armamentos de alta tecnologia, como caças de última geração armados com armas inteligentes de alta precisão para atacar seus alvos em toda a Faixa de Gaza. Do outro, militantes do grupo fundamentalista Hamas, que se camuflam em meio à população civil, usam foguetes toscos sem qualquer sistema de mira e com curtíssimo alcance para provocar Israel. Nesse quadro extremamente desigual estabeleceu-se a imagem do primeiro conflito sangrento deste ano (que mal começou): um gigante militar usando toda a sua força contra um grupo de insurgentes sem se preocupar com o "dano colateral" (os inúmeros inocentes mortos no fogo cruzado).

A reação de Israel aos ataques do Hamas, efetuados por meio de foguetes fabricados em fundo de quintal que avançam apenas alguns quilômetros da fronteira, pode ser considerada, no mínimo, estúpida. Diferentemente das demais guerras vencidas por Israel em sua breve história, seus inimigos atuais não marcham fardados e uniformizados, não estão alojados em quartéis e (mais importante) não se diferenciam da população civil. A justificativa do governo israelense de "acabar de uma vez com o Hamas" não condiz com suas táticas e estratégias de combate.

Assim como os EUA no Vietnã nos anos 60 e 70, Israel não conseguirá vencer seus inimigos por meio da força bruta. Os intensos bombardeios israelenses à Faixa de Gaza só fazem matar homens, mulheres e crianças inocentes. Os verdadeiros inimigos de Israel estão bem protegidos de todo o seu aparato tecnólgico e conseguem manter sua luta usando uma ferramenta que os israelenses parecem ignorar: a inteligência.

O resultado está à mostra: enquanto os mortos em Israel mal alcançam as dezenas, as vítimas palestinas já estão próximas dos milhares (quase todos civis inocentes). O que está havendo em Gaza não é um combate ao terrorismo, mas um holocausto, quase igual ao perpetuado pela Alemanha nazista contra os judeus na Segunda Guerra. Tudo isso pode ser descrito em uma palavra: covardia. Os israelitas dizem viver sob o pânico das sirenes de ataque na fronteira e que suas crianças não podem ir à escola. Do outro lado da fronteira, o único alarme que os palestinos têm é o barulho dos jatos israelenses e o assobio das bombas caindo sobre suas cabeças (e lá as crianças mal têm escolas para frequentar).

As esperanças para a paz são poucas. Embora o Estado de Israel já esteja sendo acusado de crimes de guerra é quase certo que não haverá qualquer tipo de repreensão, já que Israel conta com a proteção internacional de seu poderoso "padrinho", os EUA. Muitos são os países que tentam persuadir o Estado de Israel e o Hamas a aceitarem uma trégua, mas nada terá sucesso a menos que alguém fale mais alto que Israel em sua própria língua, ou seja, a força bruta, ou que o governo de Israel pare para pensar antes de agir. É muito fácil mostrar ao mundo um determinado grupo como terrorista e ignorar o fato de que o mesmo grupo também fornece escolas às crianças de um lugar em que falta até água para beber. É muito fácil usar a força bruta contra civis inocentes que não conseguem se defender. É muito fácil violar tratados e acrodos internacionais quando se sabe que alguém extremamente poderoso vai defendê-lo nos fóruns internacionais e na ONU.

Enquanto Israel não se der conta de que é inútil usar a força para combater inimigos que usam a inteligência e enquanto qualquer pressão internacional para o fim do conflito esbarrar nos interesses norte-americanos, a paz continuará sendo apenas uma distante esperança de ano novo na Faixa de Gaza.

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