sábado, 1 de novembro de 2008

Eleições presidenciais nos EUA: Uma análise crítica


De um lado, o republicano John McCain, que defende boa parte das políticas do desastroso presidente George W. Bush, incluindo a permanência das desgastadas forças de ocupação no atoleiro do Iraque. Do outro lado, o democrata Barack Obama, o primeiro negro a concorrer à presidência dos EUA e cuja palavra de ordem da campanha é "mudança".

No próximo dia 4, os eleitores norte-americanos farão sua escolha: o conservadorismo retrógrado de um ou a possibilidade de renovação de outro. Suas escolhas decidirão o futuro não só de suas vidas, mas também de nossas e do resto do mundo.

Devido à importância global da decisão dos eleitores nos EUA, analistas do mundo inteiro estão mostrando suas opiniões e preferências acerca dos candidatos. Enquanto a maioria dos observadores minimamente sensatos apóia a proposta de política externa moderada de Obama, setores da "intelectualidade" brasileira insistem em apoiar a candidatura politicamente atrasada de McCain, baseados apenas na promessa vazia deste candidato de abrir o mercado americano para o etanol brasileiro (como se os republicanos fossem simplesmente abrir mão do protecionismo).

Se as grandes potências cumprissem suas promessas para com o Brasil, já estaríamos no Conselho de Segurança da ONU e teríamos uma posição muito melhor no comércio mundial (mas este não é o assunto em debate aqui). É preciso lembrar que o que está em jogo é muito mais do que um simples acordo bilateral de comércio.

O simples fato de McCain ser um veterano e ex-prisioneiro de guerra não o faz um político capaz. É preciso muito mais que algumas cicatrizes e histórias para se fazer um governo decente. O discurso de McCain é, no mínimo, incoerente com sua própria história pessoal. Justamente ele, que sofreu os males do cárcere em uma guerra perdida no Vietnã, hoje defende tratamentos "não ortodoxos" (vulgo tortura e execução sumárias) aos acusados de terrorismo e ainda afirma que, se depender dele, "os EUA permanecerão no Iraque pelos próximos cem anos". É esta mentalidade hipócrita e medieval que alguns acham que deve governar a maior potência do planeta nos próximos quatro anos. Como se a estupidez de Bush não fosse o suficiente.

É obvio que Obama não mudará completamente as bases políticas dos EUA se for eleito, mas sem dúvida ao menos representará uma mudança para melhor na política externa americana. O presidente tem o poder de enviar soldados à guerra, assim como o poder de trazê-los de volta. É isso que o mundo espera de Obama se ele assumir a presidência e, ao que tudo indica, é isso que ele fará se as pesquisas de opinião se concretizarem. Talvez não seja o ideal, mas não restam dúvidas de que Barack Obama é o melhor dos dois para governar os EUA no próximo governo. Estamos falando do bem dos próprios americanos e também de bilhões de pessoas no resto do mundo.

Se a vitória das eleições couber à Barack Obama, haverá esperanças de que os EUA ao menos desviem sua política da linha neo-conservadora de política externa agressiva e belicista, completo desrespeito ao meio ambiente e política econômica ineficiente. Espera-se que os norte-americanos tenham o bom senso e a sensatez de tentar corrigir os erros dos últimos oito anos. Mas se eles insistirem no erro, estejamos preparados para o pior...

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