sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Estados Unidos: a nova Roma


“Todo império perecerá.” Jean Baptiste Duroselle

Este é o título de um dos clássicos franceses de história das relações internacionais. Dificilmente podem-se fazer afirmações tão certas em tais áreas de estudo, mas essa é uma regra que é sempre válida, quase uma lei. Desde que os seres humanos constituíram-se em sociedades e nações, alguns, obcecados pelo poder e a riqueza, viram-se no direito de se impor aos seus vizinhos, estabelecer sua crença como verdade e eliminar aqueles que discordassem. Essa é a lógica dos impérios. Mas, como diz a lei da gravidade: “tudo que sobe, tem que descer”. Quem um dia é senhor, no outro se torna escravo. O que em uma época é um império, na outra se torna colônia.
Assim aconteceu com a esplendorosa Europa, que por séculos foi tida como centro do mundo, mas que permitiu que sua glória se extinguisse em duas guerras apocalípticas de grandes proporções, tornando-se por quase meio século uma espécie de cabo-de-guerra entre EUA e URSS. A própria URSS, que já desfrutou de influência e poderes globais, hoje não passa de uma memória de uma utopia degenerada. E assim, um dia, talvez não tão distante, acontecerá com os Estados Unidos.
Estudiosos atualmente debatem a caracterização do sistema internacional Pós-guerra Fria (caracterizado pela famosa “ordem bipolar”, a dualidade entre EUA e URSS). Será a nova ordem mundial multipolar, unipolar, ou o quê? Enquanto que no campo econômico percebem-se múltiplas contestações à hegemonia norte-americana, como a ascensão da China e da união Européia como novos pólos econômicos, é inegável a completa hegemonia dos EUA no campo político-militar. Com o fim da URSS, não há ninguém no horizonte dos EUA que possa se contrapor à sua força titânica.
Em vários aspectos, os norte-americanos existem para e da guerra. A guerra está em suas próprias origens, em sua cultura. Os insurgentes colonos britânicos na América fizeram sua independência por meio de uma guerra com sua antiga metrópole. Depois, a nova nação independente construiu (ou melhor, expandiu) seu hoje imenso território à base de dinheiro e sangue, comprando as terras dos europeus e tomando à força àquelas de mexicanos e índios nativos. Os heróis norte-americanos são, em geral, militares de alta patente, que viveram suas vidas ás custas da morte de outrem. A economia americana vive das guerras. O governo de Washington gasta bilhões de dólares com armas todos os anos, desde munições de pistolas à mísseis intercontinentais que levam ogivas nucleares. Quando estão em paz, os EUA enchem seus depósitos. Quando estes ficam cheios, eles precisam de guerras para esvaziá-los. Esta é a lógica do capitalismo de guerra dos EUA.
Desde que se firmaram como potência no meio internacional após a Primeira Guerra Mundial, os EUA se envolveram direta ou indiretamente em praticamente todas as guerras que ocorreram. Quem vive de guerras, precisa sempre de inimigos. Na Segunda Guerra Mundial os americanos viram o mal personificado na figura do nazismo alemão. Quando este foi derrotado, voltaram seus olhos para o socialismo soviético, seu antigo aliado contra o nazismo. Por meio século a política externa norte-americana foi desenvolvida com base na retórica de “defender o mundo livre contra a ameaça do comunismo soviético”, defesa essa que foi feita com base de financiamentos de ditaduras totalitárias nos vários continentes e em intervenções diretas em cantos esquecidos do mundo.
Com o fim da URSS e da Guerra Fria, os EUA perderam o rumo em sua política externa. Para desempenharem seu papel de paladinos da justiça e guerreiros da liberdade, eles precisavam de um vilão a quem sem contrapor. Mas com o fim do socialismo e sem nenhum país forte o suficiente para enfrentar os americanos, contra quem seria feita a nova cruzada?
A resposta foi encontrada dez anos após o fim da Guerra Fria e de permanência de “paz”. Em um golpe de sorte (ou uma tacada de mestre, pois não se sabe até onde vai a verdade dos fatos*) os norte-americanos conseguiram o que queriam e o que precisavam. Quando na manhã de 11 de setembro de 2001, atentados ao World Trade Center em Nova Iorque e ao Pentágono em Washington mudaram a geopolítica mundial e inauguraram a verdadeira ordem mundial Pós-guerra Fria. Supostamente perpetrados por terroristas radicais islâmicos treinados no Afeganistão e liderados por Osama Bin Laden, os famosos atentados de 11 de setembro mostraram ao mundo que os EUA não são uma fortaleza impenetrável, e deram respaldo ao anteriormente impopular presidente George W. Bush de inaugurar uma nova fase da política externa.
Mais uma vez tomando para si o cargo de “defensores do mundo livre”, os EUA voltaram a fazer o que fazem melhor fora de suas fronteiras: espalhar violência e medo nos vários cantos do mundo, violar soberanias internacionais e enfileirar seus adversários políticos em um paredão de fuzilamento global.
Assim foi que os EUA invadiram o Afeganistão, afirmando estar à procura do inimigo público número um da humanidade, que estaria escondido em distantes complexos de cavernas nas montanhas. E assim os EUA, no auge de seu autoritarismo, passaram por cima da opinião pública global e da própria Assembléia Geral da ONU para invadir o Iraque e depor o temível ditador sanguinário Saddan Hussein (que um dia fora aliado importante de Washington contra os aiatolás do Irã) que supostamente desenvolvia armas químicas, as quais nunca foram encontradas.
extraindo petre anda sobre a ta que hoje anda sobre a terrantes, tudo em defesa da liberdade e da democracia. ado an a como ve É assim que a administração Bush inova ao decretar, de forma totalmente autoritária o patriot act (ato patriota), que garante fortes poderes ao executivo e permite a qualquer autoridade americana violar os direitos civis de um cidadão, garantidos pela sua tão idolatrada constituição, com base simplismente em "fortes suspeitas".
Saddan foi enforcado por ter usado armas químicas contra centenas de curdos, mas o que aconteceu com os dirigentes políticos e militares americanos que jogaram duas bombas atômicas em cidades japonesas no fim da Segunda Guerra, matando centenas de milhares de civis e comprometendo várias gerações futuras com os efeitos da radiação? Entraram para a história como “heróis”.
Neste exato momento soldados americanos estão invadindo casas, estuprando mulheres e matando civis inocentes, tudo em defesa da liberdade e da democracia. Se há um inimigo público número um, seu nome é George W. Bush, sem sombra de dúvida o maior criminoso de guerra que hoje anda sobre a Terra, extraindo petróleo e demais recursos de países miseráveis afundados em guerras civis e bebendo da caveira de seus inimigos. É assim que os EUA cumprem sua função histórica: perpetrar guerras e conflitos sobre países fracos com base em retóricas políticas hipócritas e atropelar qualquer um que se levante a frente de seus interesses, seja em distantes países do Oriente Médio ou dentro de suas próprias fronteiras. Tudo o que foi aqui exposto mostra a verdade sobre este exemplo de tirania e imperialismo. Muito longe do própio ideal hipócrita de "lar dos bravos, terra dos livres" e "defensores da liberdade e da democracia", os EUA mostram que são verdadeiramente tiranos covardes, opressores implacáveis e ditadores exemplares. Assim como os soviéticos e nazistas a quem tanto se contraporam no passado, os EUA demonstram de todas as maneiras possíveis que não passam de um Estado totalitário degenerado pela riqueza e poder acumulados, um império em ruínas que recusa-se a aceitar a própria decadência.

*Pessoalmente tenho sérias dúvidas sobre a versão oficial dos fatos sobre o 11/09, mas não vou me aprofundar neste assunto aqui.

2 comentários:

Tamirez Paim disse...

Boa crítica!!!!

Tamirez Paim disse...

Voltarei para comentar melhor!! Ou, melhor, elogiar!!!
Abração!!!!!!!!