quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Relatos do Dia do Metal

O Rock In Rio, o maior festival de música da América Latina e um dos maiores do mundo, é para os roqueiros o que a Batalha de Stalingrado é para os russos: simplesmente o evento de maior impacto para a história contemporânea da nação. Ou pelo menos ERA assim...

Qualquer fã de rock no Brasil cresce ouvindo os relatos das perfomances heróicas de seus ídolos nas três edições anteriores do festival. Assistir um show como o mítico show do Iron Maiden no RiR 2001 (lançado em CD e DVD inclusive) torna-se um sonho. 

A história da última edição é parecida, pelo menos para mim. O RiR 2011 foi, para mim, uma sucessão de grandes expectativas, enormes frustrações e superação final. Quando se anunciou a realização da edição 2011 no Rio de Janeiro meu primeiro pensamento foi "putz, eu tenho que ir!", e as primeiras confirmações (Metallica, Red Hot Chili Peppers) só me animaram ainda mais! Porém, quando tempos depois começaram a surgir os podres do festival (porque um festival de música com a palavra ROCK no nome anunciar Katy Perry, Rihana, Cláudia Leite e Ivete Sangalo como atrações principais é, no mínimo, vergonhoso!) a decepção foi imensa! Daquelas em que se pensa "PQP, que m. é essa?!?". Quando o line-up foi fechado então, a sensação só aumentou. Dos sete dias de festival apenas TRÊS tinham uma programação realmente Rock N' Roll! Mesmo os outros dias contando com nomes de peso como Elton John e Stevie Wonder (que são excelentes músicos, mas não são roqueiros) a programação do festival como um tudo ficou bem aquém das expectativas de quem esperava algo próximo ao RiR original de 85.

Mas tudo bem. O ingresso já estava comprado. Vamos aproveitar o que der, certo?

E lá fui eu pro Rio de Janeiro apenas para o Dia do Metal (25 de setembro, domingo passado), ver um pouco de Rock N' Roll de verdade...

A primeira banda a tocar no Palco Mundo (palco principal da Cidade do Rock) foi a brasileira Gloria, para a qual eu tenho apenas duas palavras: GRANDE BOSTA! Uma mistura bizarra de NX Zero com Massacration, o grupo tocava algo parecido com Débil Metal (música que os Mamonas fizeram pra zoar o Sepultura - que apesar de ser de longe a maior banda brasileira de Heavy Metal ficou relegada do Palco Sunset como atração secundária). Como bem descrito pelo amigo que me acompanhava, os caras pareciam emos brincando de tocar metal. Ridículo! Típico de gente que acha que basta xingar e gritar no microfone e tocar um som pesado pra ser heavy metal. Não valia a pena nem como música de fundo...

O segundo show, da banda Coheed And Cambria, acompanhei à distância (depois da m. que veio antes também, né?). Esses caras, os quais eu realmente nunca tinha escutado ou ouvido falar, mandaram muito melhor que seus antecessores. Não vou dizer que foi um "baita show", até porque não os assisti direito, mas claramente era um som de respeito. O ponto alto para mim foi quando tocaram The Trooper (do Iron Maiden), com qualidade e fidelidade boas. Não virei fã, mas ganharam meu respeito...

Foi só no terceiro show que a "festa" realmente começou pra mim. Ver o rosto de Lemmy Kilmister (ou simplesmente "Deus" segundo muitos metaleiros) no telão e escutar sua voz gutural no microfone fizeram meus pelos arrepiar logo de cara! Começava o show do Motörhead, a banda mais barulhenta do mundo! Lemmy mostrou porque é considerado uma divindade no mundo do Rock e o trio como um todo mostrou como se faz um som extremamente pesado e de qualidade com apenas um baixo, uma guitarra e uma bateria. O solo de bateria de Lucas Fox foi um espetáculo aparte. Depois de tocarem Going To Brazil, música composta especialmente para nós, fãs brazucas, os três fecharam com chave de ouro tocando seus dois maiores sucessos: Ace Of Spades e Overkill. Simplesmente sensacional...







Passado este momento glorioso, veio a hora do Slipknot, uma banda norte-americana da qual já ouvira falar antes mas nunca ouvira decentemente. A entrada deles em si já foi marcante, afinal de contas os caras usam máscaras sinistras e macacões laranjas, mais parecendo vilões dos últimos filmes do Batman que uma banda de Rock. Confesso que o som deles não faz o meu estilo (acho o vocal muito gritante e o som demasiadamente "estilizado", fazendo com que os efeitos sonoros as vezes sobrepujem os instrumentos), mas uma coisa tenho de confessar: esses caras sabem agitar uma platéia! Acho que foi o show no qual as pessoas mais pularam, fizeram rodinhas e etc. É o tipo de show que jamais poderia ser feito na prisão, correndo o risco de eclodir uma mega rebelião. Surpreendente, muito bom mesmo...









No fim da noite, já de madrugada, chegava o momento que todos esperavam: Metallica! Se os dois shows anteriores já tinham me aquecido o Metallica me fez explodir. Me faltam palavras para descrever o que é ver esses quatro magos do metal tocando ao vivo. Quando eles tocaram hits como Ride The Lightning, One e Master Of Puppets então a multidão ia ao delírio (eu inclusive)! Sem dúvida o ponto alto foi Enter Sandman. Foi por pouco que minha voz não se perdeu totalmente quando tocaram essa música. Simplesmente sensacional, literalmente do c., um show inesquecível...



Esse foi o Dia do Metal, talvez um dos melhores shows de Heavy Metal já vistos no Brasil (comparável somente ao Dia do Metal de 85, talvez). Assistir a estes três shows escrotíssimos surpreendentes é algo que eu realmente nunca vou me esquecer. E mesmo que o RiR 2011 entre para a história como o RiR menos Rock da história do festival, com certeza também será lembrado pelas performances espetaculares de Motörhead e Metallica e de como estes deuses do metal destruíram a Cidade do Rock com seu som pesado! Jamais me esquecerei desse dia, e, no futuro, com certeza olharei para ele com orgulho e direi "eu estava lá"...

Mas se você, caro leitor bundão, não assisistiu a este momento épico para ver o primeiro dia do festival, ou como gosto de chamá-lo, o Pop In Rio, tenho apenas uma coisa para lhe dizer: PERDEU!!!

Vida longa ao bom e velho Rock N' Roll!!!
Lemmy é Deus!!!
\m/