No dia 17 de julho de 2007, o vôo 3054 da Tam que ia de Porto Alegre à São Paulo com 186 pessoas a bordo perdeu o controle na pista do aeroporto de Congonhas e bateu no depósito da companhia aérea, provocando um incêndio e matando todos os passageiros e tripulantes a abordo, além de outras pessoas próximas ao local do acidente.
Esta foi a notícia divulgada pela mídia nos dias seguintes ao acidente. Seria uma noticia de um simples, ainda assim trágico, acidente aéreo. No entanto, o que aconteceu em Congonhas não foi um acidente, foi uma tragédia anunciada. Desde o terrível acidente do vôo 1907 em setembro do ano passado o país vive à sombra de uma crise no sistema de aviação civil. O que antes era um prazer, tornou-se um transtorno para os brasileiros, que são obrigados a tolerar atrasos sucessivos, cancelamentos de vôos, filas enormes e estresse. Mesmo assim, diante de toda a raiva e insatisfação manifestadas por passageiros cansados de tanto descaso, o Estado simplesmente dá desculpas e mentiras para o povo, fugindo de sua obrigação de zelar pela segurança e bem estar de todos que viajam de avião, e não apenas daqueles que se dizem "autoridades".
O total descaso do poder público com a crise do sistema de aviação civil brasileiro está presente nas próprias falas daqueles (que deveriam ser) responsáveis pelo setor de aviação civil. "Resolver a crise aérea é prioridade zero do governo" disse o presidente Luís Inácio Lula da Silva em 28/03/07. A ministra do turismo, Marta Suplicy deu como conselho aos que viajam de avião "relaxa e goza" em pronunciamento no dia 13/06/07. No dia 21/06/07, o ministro da fazenda, Guido Mantega, disse que não há caos aéreo e que a crise nos aeroportos é fruto da prosperidade, do crescimento de país. "O fluxo e a segurança do tráfego aéreo serão mantidos a qualquer custo" disse o ex-ministro da defesa, Waldir Pires, em 22/06/07.
Todas as falas das citadas acima são de datas anteriores ao acidente, e, mesmo assim, ele aconteceu. O poder público está fazendo algo, e é chamar o povo brasileiro de otário! O desastre do vôo 3054 não foi simples acidente aéreo, foi uma catástrofe resultado do caos que se instalou no sistema de aviação civil do país e de um governo que nada faz a respeito a não ser esquivar-se com desculpas e culpando outros. Em 16 de julho, um avião da Pantanal deslizou na pista de Congonhas durante o pouso. O presidente do sindicato do pilotos disse que o deslizamento do avião ocorreu devido à aquaplanagem, que poderia ser evitada com a presença de ranhuras na pista do aeroporto. O presidente da Infraero afirmou que não foi aquaplanagem que a ausência das ranhuras na pista não comprometia a capacidade operacional do aeroproto.
Fica laro depois do fato exposto que a tragédia do vôo 3054 poderia ter sido evitada. A atitude sensata das autoridades seria fechar o aeroporto de Congonhas depois do ocorrido no dia 16 de julho. No entanto, tal ação poderia ser ruim para imagem de alguns e foram necessárias quase duzentas mortes para que o mesmo aeroporto fosse fechado. Depois de tal tragédia, a única coisa sensata a se fazer é apurar a causa do acidente e punir os responsáveis, nem que o próprio Estado brasileiro seja um deles, e não simplesmente por a culpa no fabricante, na companhia ou no finado piloto da aeronave.
Meu objetivo com este texto é expor minha profunda insatisfação com o governo pela maneira com este tem tratado o caso do pior acidente da história da aviação brasileira.
Meus pêsames às famílias de todas as vítimas e meus parabéns aos bombeiros que se esforçam para encontrar os corpos das vítimas no local do acidente.
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