Em
homenagem ao dia de hoje – dia do motociclista – vou escrever um pouco sobre
uma das coisas que mais gosto de fazer: andar de moto. Guiar uma moto é muito mais do que uma simples escolha de meio de
transporte, é um modo de vida! É o tipo de coisa que só quem vivencia (ou
já vivenciou) sabe como é. Posso escrever um artigo inteiro sobre o assunto e,
mesmo assim, quem nunca andou de moto não entenderá plenamente a sensação que
se tem. Mas, vou tentar do mesmo jeito.
Primeiramente,
é preciso esclarecer uma questão de terminologia. Quem é apaixonado por motos e
as utiliza como meio de transporte – seja apenas nos fins de semana ou cotidianamente
– não é “motoqueiro”, é “motociclista”! Pode parecer frescura, mas não é. O
termo motoqueiro é extremamente pejorativo e depreciativo, sendo usado já há
algum tempo para designar atitudes negativas daqueles que andam de moto, como
as loucuras cometidas pelos motoboys
no trânsito das grandes cidades ou a atitude desordeira dos motociclistas de
filmes que se metem em brigas de bares e etc. Em suma, chamar um motociclista
de motoqueiro é como chamar um homossexual de “viado”.
Vários
são os motivos que levam uma pessoa a optar por comprar uma moto e guiá-la.
Pode ser por esporte, como uma pelada de fim de semana, ou então uma simples
questão financeira (uma vez que, de forma geral, motos são muito mais baratas
que carros). Ou mesmo pode ser uma questão de “inteligência”. Afinal é muito
mais prático para um homem (ou uma mulher) solteiro que não carrega nada além
do que possa colocar em uma mochila andar em uma moto do que um carro. Afinal
de contas, uma moto tem muito mais mobilidade e agilidade no trânsito e pode
ser estacionada virtualmente em qualquer lugar.
OK,
uma moto também tem suas desvantagens. Primeiro, o fato de que o motociclista
se vê (muito) mais exposto – e, portanto, vulnerável – aos perigos do trânsito
que um motorista. Segundo, o fato de a moto não proteger quem a guia do sol, da
chuva, do frio e das demais intempéries. Sim, tudo isso está certo. Entretanto,
sendo bastante sincero – e correndo o risco sério de ser mal interpretado –, na
minha concepção, não fazer uma coisa (seja por necessidade ou por prazer) pelo simples
fato de que há riscos é, talvez, um dos maiores sinais de covardia. É como não viajar
der avião pelo medo da queda ou não fazer sexo por medo de pegar uma DST. O
vídeo abaixo talvez esclareça um pouco esta questão:
Em suma, é tudo uma
questão de prudência. Não é por acaso que a imensa maioria dos acidentes de
trânsito fatais – incluindo aí motos E carros – tem como causa principal a
imprudência dos condutores. A solução para este problema – tanto para motociclistas
quanto para motoristas – é uma só: instrução. E é justamente aí que está um dos
maiores problemas. Quem tira carteira de moto no Brasil sabe o quão ridículo é
o “curso de formação”. Basicamente a “prova” se resume a medir sua capacidade
de se equilibrar na moto e fazer curvas com a mesma.
Não
vou me prolongar nos pontos negativos. Não é esse o propósito deste post. Em vez
disso, me dedicarei agora a alguns dos (vários) aspectos positivos do
motociclismo. Como eu disse anteriormente, só andando de moto para saber
exatamente o que é, mas, se fosse para (tentar) resumir em uma palavra o que se
sente ao guiar uma moto eu diria o seguinte: liberdade!
O
entusiasmo pelas motos é tão antigo quanto as próprias motos. Mas, boa parte do
simbolismo que tem o motociclismo no mundo todo atualmente se deve em grande
parte a um fenômeno típico dos EUA no pós-guerra. Após a Segunda Guerra
Mundial, os ex-combatentes que voltavam da Europa ou do Pacífico para sua terra
natal se viram deslocados em meio a uma sociedade a qual não se sentiam
pertencentes. Em meio a um crescente espírito de desajuste social e rebeldia, o
entusiasmo pelas motos foi uma das várias facetas da chamada “contracultura”.
Os motociclistas da época, cujos maiores expoentes foram sem dúvida os membros
do motoclube Hells Angels, se tornaram personificações desse espírito, que,
embora tenha evoluído e mudado de lá pra cá, continua sendo um dos cernes do motociclismo.
Esta
busca incessante pela liberdade misturada a esse senso de rebeldia é o que
diferencia o motociclista de um simples motorista. O verdadeiro motociclista é,
acima de tudo, um aventureiro e um desbravador. Ele viaja não para chegar a um
destino, mas pela jornada em si. Ele não precisa de uma pilha de malas para
tirar férias, leva apenas aquilo que sua moto consegue carregar. Ele não se
sente intimidado pela distância, pelo clima ou pelas condições da estrada;
muito pelo contrário, tudo isso faz parte da emoção de se guiar. E, por fim, a
moto não é simplesmente seu meio de transporte, é sua fiel companheira de
viagens!
Espero
que tenha conseguido transmitir ao menos um pouco do que significa ser um
motociclista, mas reforço mais uma vez o aviso: é uma sensação que somente se
compreende quando se vivencia. Por
fim, uma pequena “dica” a todos que se deram ao trabalho de ler: se você é
motociclista (independente do tipo que seja), antes de mais nada, tenha
cuidado! Lembre-se que você está SEMPRE em desvantagem no trânsito e que
qualquer imprudência de sua parte pode te custar (muito caro); e se você não é
motociclista, seja civilizado e respeite aqueles que dividem as ruas contigo,
sejam eles motociclistas, ciclistas, pedestres, etc, lembre-se que eles não
dispõem de sua “armadura” de quatro rodas.
Como diria um famoso personagem do cinema: "ride hard, or stay home!"